No necrotério, tudo parecia voltar à normalidade.
Corpos vinham e iam.
Kieron os recebia com o mesmo cuidado de sempre.
Mas nas últimas semanas, algo mudou.
Ele começou a sentir… resistências.
As almas não apenas falavam com ele — algumas tentavam ficar.
Se prendiam aos objetos ao redor.
Às vezes, ao próprio Kieron.
Uma delas — um homem com marcas de queimadura — sussurrava todas as noites:
— Eu não terminei…
Não posso partir…
Preciso que alguém veja.
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Kieron acendeu uma vela no porão, algo que aprendera com Evelyn.
— Se você quer ser ouvido, precisa parar de tentar me possuir — disse em voz firme, encarando o vazio.
A resposta veio como vento.
— Então venha ver… onde me queimaram.
Kieron anotou o nome no caderno: Marco Lentz, idade indefinida, causa da morte: suspeita de incêndio criminoso.
Mas era o nome que lhe chamou atenção.
Lentz.
Era o mesmo sobrenome assinado em uma carta que Evelyn nunca lhe entregou — agora guardada entre suas coisas.
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No dia seguinte, a garota da cart