Assim que chegamos em casa, deixei minha bolsa sobre o aparador e caminhei direto para o meu escritório. A conversa com minha mãe ainda ecoava na minha mente como um martelo contra vidro. Eu precisava de silêncio. De distância. De ar.
Fechei a porta atrás de mim, girei a chave e me sentei diante da grande mesa de mogno escuro. Tudo ali me pertencia. Minha fortaleza. Meus livros. Meus segredos. Meu império.
Acendi o abajur. A luz quente contrastava com a frieza que insistia em permanecer no meu peito. Passei os dedos pelos documentos empilhados — memorandos, estratégias de expansão, relatórios financeiros. Mas não consegui focar. Tudo o que eu via era o olhar dela: cortante, elegante, calculado.
O celular vibrou sobre a mesa.
Dante Morelli.
Suspirei.
“Boa noite, senhorita Marchesi.”
Sorri de canto.
“Boa noite, senhor Morelli. O que deseja a essa hora?”
A resposta veio quase instantânea:
“Jantar. Nada de negócios hoje. Apenas uma conversa leve.”
“Hoje foi puxado. Não sei se sou boa comp