Trição.

— Como, como assim, filha? Não acho que seja necessário, podemos entrar em algum outro tipo de acordo, não podemos? — Ele olhou para o vampiro, sua expressão era de nervosismo, querendo ver algum pingo de humano na criatura.

O mesmo, que ainda observava a garota, ficou sério novamente e olhou para Benjamin.

— Como eu disse, minha perda foi muito significativa. Eu já iria sugerir esta troca. Portanto, como não existe ninguém aqui para casar com Taddeus, sua filha, de muita sabedoria, decidiu se oferecer para se juntar a mim. — Ele estava claramente satisfeito.

— Mas eu não posso aceitar uma coisa dessas! — Ele rosnou em um protesto que fez os guardas pegarem suas espadas.

Os vampiros que guardavam Johan se levantaram rapidamente.

— Isso só vai trazer mais sangue, e não será pro meu lado. — Johan limpou a própria boca.

— Não ameace a mim, vampiro! Não sou qualquer um! — Ele bateu a mão na mesa de forma firme, ainda mantendo a postura de alguém importante.

— Você é um rei, um rei que não controla os filhos. — Disse ele sem cambalear. — E que vai baixar a crista imediatamente, ou então eu a cortarei fora.

Desta vez foi Johan que se levantou e, assim, todos sentiram a magia pesada que ele carregava, pesada e densa, que fez com que Benjamin se sentasse no próprio lugar sem forças para ficar em pé. Com passos lentos, ele se aproximou de Benjamin.

— Uniremos nossos reinos ou o seu deixará de existir. Esse é meu único acordo. — Ele bateu a taça na frente dos dois. O sangue nela acabou, mas ainda pingou umas gotas em Taddeus e Benjamin.

Ele continuou andando até parar atrás de Nadine. A garota estava com a mão tapando a boca. Suas bochechas estavam vermelhas, e agora, ela se levanta.

— Casarei com ele, independente do que disser, pai. — Sentindo a tensão, ela (apesar de ter gostado da atitude de Johan em segredo) se posicionou.

— Você o ama, filha? Por que está fazendo isso?... — Era notável em sua voz que ele se sentia derrotado...

Enquanto Taddeus aplicava tanta força em seu garfo, que parecia que lhe cortaria a mão.

— Eu... Eu o amo. E eu ficarei feliz nesse casamento. Além disso, todo o sangue que vai parar de ser derramado vale totalmente a pena! Quero a sua bênção... Ou então que vá embora. — Ela suspirou na última frase, mas estava decidida e isso era claro.

— Preciso desta noite para pensar... Por favor. — Ele ergueu a mão em uma súplica, cansado da viagem e de tudo que estava tendo que lidar.

Um silêncio tomou conta levemente de toda a sala, com expectativa.

— Até amanhã pela manhã no café, e nada mais. — Era como se Johan tivesse sentenciado sua decisão.

Ele estendeu a mão para Nadine, que, relutante, ainda assim segurou. Ele beijou sua mão devagar. Tinha dúvidas e perguntas, mas não as faria, não agora.

Ele sorri para ela. Os olhos azuis eram como uma lembrança de que a garota estava sendo vista.

Carcará e o corvo voaram para distante, enquanto Lua foi mostrar os aposentos dos dois. A garota foi movida junto aos guardas para seu quarto, e quando estavam lá fora, Johan mandou chamar alguém.

Quando esse alguém chegou, ele se virou e então disse com atenção:

— Carcará vai guardar as portas do rei. Você vai pegar quatro dos seus melhores homens e vai cuidar dos quartos de mylady Nadine... Vai proteger a janela e a porta por toda noite com reforço. — Ele exigiu.

— Acha que ela vai fugir? — O Nosferatu de antes perguntou baixo, curioso ou apenas se preparando.

— Acho que tentarão tirá-la de mim, e isso não tolero... Agora ela é minha, mesmo antes do casamento. Nada deve tocá-la se não eu, Cloud. — Ele disse firme e sério, sem gaguejar ou demonstrar medo, e sim raiva.

— Cuidarei dela com a vida, senhor. O que deveremos esperar enfrentar? — Ele disse, esfregando as mãos devagar.

— O poder de um dragão, meu amigo. — Ele respondeu baixo, apontando pro rei indo para longe. — Prepare-se para proteger a garota, eu vou atrás dele, e vou observar mais.

Logo, a penumbra da mais escura noite caiu. Lá fora, a tempestade era forte e não parecia que iria passar. A chuva, raios e vento batiam nas janelas e deixavam todos dispersos, não que dormiam durante a noite, é claro.

Nadine tinha o sono pesado, então já estava descansando. Benjamin tomava seus remédios e também já dormia. Mas, de pé na frente da janela de seu quarto selecionado, estava Taddeus.

Ele estava pensando, com a mão na boca, mordia suas unhas em nervosismo. O olhar do garoto era quase tão frio quanto a noite lá fora, mas afiado como uma espada do mais puro metal.

Um vento fresco percorreu seu pescoço. Ele retomou uma postura mais agressiva e puxou a espada com velocidade. Ao virar o corpo com a espada fora da bainha, Johan estava de braços cruzados, o olhando, mas agora, seus olhos estavam vermelhos.

— Está tenso, príncipe. — Disse ele com um deboche já característico.

— Não pedi visita no quarto e nem serviços... — Ríspido, ele não guardou a espada.

Johan deu um passo à frente, deixando a ponta da espada encostar em seu peito.

— Eu sei o que você está pensando. Eu conheço essa cara quando eu a vejo, e só estou passando para ver como você se sente... — Sua voz saía debochada. Johan não sabia evitar.

— E por que uma coisa como você se importaria? Tomou minha irmã para você e o fraco do meu pai não vai negar esse acordo infeliz. — Ele disse, sua expressão serrada na raiva e a mão fincada e afundando sobre o cabo da espada.

— Eu não me importo, você está certo — Ele riu baixo — Não com você, você não faz diferença.

— É aí que eu encontro o erro no meu pai, principalmente — Ele abaixou a espada — Eu sou o primeiro homem da família, o mais velho, e eu deveria ter direito ao trono!

— E por que não encontrou uma esposa decente? — Ele disse com toda calma possível. Suas mãos não se moveram, apenas o seu olhar.

— Não posso encontrar algo que não existe, vampiro. — Suas mãos se moveram rápido, ele tentou acertar a espada em Johan, mas o homem mais velho segurou a lâmina sem preocupação. Em seus olhos tinha tédio.

— Então estava esperando ser rei após a morte acidental de seu pai. — Ele concluiu.

— Exatamente!! Eu governando poderia arrancar a sua cabeça e destruir os reinos ao redor. — Ele confessou, e o vampiro riu.

— Você impediu as cartas de chegarem ao seu pai, não foi? Sabe quantas pessoas matou por causa disso? Acha mesmo que por ter um feral dragão pode sequer arranhar a minha pele? — Ele empurrou a espada, deixando o garoto contra a parede.

— Não exatamente... — Cospiu as palavras o garoto de olhos raivosos.

— Então se coloque no seu lugar. Em breve sua irmã será rainha, e você só um tenente frustrado. Não vai mudar isso se não mudar mentalmente quem você é — Johan mostrou as presas, mas então se recompôs, colocando as mangas de volta no lugar...

— Se comporte, dragãozinho. Cuidado em quem vai tentar botar as mãos. — Ele abre e fecha as mãos com certa força.

O vampiro então se afastou lentamente. Lua, a cadela, estava no canto da sala, ouvindo tudo. Ela saiu correndo na primeira oportunidade, para contar tudo à sua dona, Nadine.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App