Mundo ficciónIniciar sesiónHoje, nesta noite, Johan estava recebendo reinos e sua própria população. Nadine olhava escondida, misturada no meio de algumas outras pessoas do castelo.
Com seu povo, o rei era sábio e paciente, sem deixar de manter sua reputação impecável. Quando havia de ser cruel, ele era. Algo florescia no coração da humana, mas ela não aceitava que isso estava acontecendo. Portanto, decidiu se manter calada e completamente desconfiada, distanciando-se e trancando-se em seu quarto por dois dias. Já haviam passado cinco dias, e algo ou alguém bateu na porta com uma força diferente. A menina, que estudava firmemente, olhou rapidamente para a porta. Ela vestia um casaco comprido e estava com os cabelos longos e soltos. Ela até pensou em se levantar para abrir, mas foi nesse momento que a porta se abriu sozinha, e o próprio rei estava parado ali. Ele deu uns passos para dentro e fechou a porta atrás de si. — Boa noite, madame. — Estava mais sério, mais calado, mas seu olhar não deixava de ser possessivo do mesmo jeito. — Boa noite, majestade... O que houve? — Ela observou, puxando o casaco para baixo, escondendo-se um pouco. — Você negou com força meus últimos convites, até mesmo agrediu minhas armaduras — Ele disse de forma a deixar clara sua frustração. — E... — Ela ficou sem saber responder. Mas quando imaginou algo para responder, algo saiu errado. O som distante de trombetas alertou a garota. — Não fique assustada... Nossa patrulha está avisando que seu pai está chegando. Vista-se... Espero que se comporte bem. Eu entendo sua situação, de verdade, mas não pense que agir como está agindo vai melhorar a sua situação. — Ele deu as costas e então saiu. A garota respirou fundo. Por alguns segundos, ela ficou feliz pela chegada iminente de seu pai, mas percebeu que isso não era exatamente motivo para estar feliz, e sim para estar, no mínimo, preocupada. Ela se apressou, correu até seu armário, encontrando mais uma quantidade de roupas luxuosas que Johan havia separado para ela. Sem pensar muito, ela se vestiu com qualquer coisa que fosse boa o suficiente. Ela arrumou os brincos com pressa, tocou o pescoço sentindo o colar que recebeu há um tempo atrás e, respirando devagar, ela o deixou à mostra. Queria se redimir com o rei, já que ele pareceu tão magoado de verdade, de coração puro. Ela se lembrou das palavras de Carcará, mas decidiu ser forte pela sua família. E quando ela estava arrumada da forma que pensou ser melhor, ela abriu as portas, e então Lua saiu na frente, atenta mais do que antes, farejando o ar com o focinho alto, enquanto a garota já andava na direção da sala. Carcará, que estava em forma de coruja, passou por cima dela com um rasante e entrou na Sala do Trono, que foi onde Nadine chegou logo em seguida. E lá estava. O Rei Benjamin com uma comitiva bem grande: guardas, tesouraria, todo tipo de gente do conselho, e também o príncipe, que estava ao lado de seu pai. Johan estava no trono, de forma calma e com o olhar suave. Quando o Rei Benjamin se virou e viu sua filha, soltou tudo que segurava no colo de seu escudeiro feral e correu até ela, abraçando-a. Mexendo em seu cabelo, tirou o mesmo de seu pescoço, verificando-o rápido, e a abraçou novamente. — Você está viva... — Ele disse com tremores na voz. Mas enquanto isso, o rapaz de vestes vermelhas e cabelos levemente compridos olhava para os dois com uma seriedade e frieza que para a família parecia normal, mas que o rei vampiro conhecia. Já o olhar de Johan se fixava bastante em Nadine, observando sua pele com certo desejo. Mas algo mudou ali em seu peito, quando ele viu que ela usava de verdade o colar: um alívio seguido de admiração. Com calma, ele envolveu uma mão na outra, oferecendo o seguinte: — Ótimo que já se viram. Agora, vamos à sala de jantar. Vamos conversar em um lugar mais confortável por ora, já que estamos todos muito tensos. — Johan se levantou, e seus guardas se levantaram junto. Ele moveu a mão, e então as portas do corredor se abriram. Antes de Johan, Carcará e o corvo de antes apareceram. Já lá, todos acomodados, a mesma taça com o líquido vermelho foi servida a ele, e os mesmos funcionários serviram as outras pessoas. Com bastante fome, Lua e Nadine não pestanejaram desta vez, sorriram, acenaram para as pessoas e comeram ao mesmo tempo. Os outros dois, pelo contrário, se mantinham sérios. — Antes de mais nada, eu gostaria de entender por que o senhor, com todo o respeito, Senhor Rei Benjamin, não respondeu a nenhum dos meus apelos sobre a paz que poderíamos ter travado juntos. — Johan quebrou o silêncio. — Apelos? Não recebi uma única carta sua, Johan... — Não?... Bom, como pode ver, enquanto você, pelo que vejo, tem muitos ferais de caça e guarda, eu tenho os meus ferais alados de mensagens e proteção. São ótimas criaturas. — Johan passou o dedo pela bochecha do corvo. — Sim, mas o que tem a ver? — Eles são minhas aves mensageiras. Eles sempre tentaram chegar ao senhor para que eu pudesse propor um acordo. Carcará e Salvior, que são meus dois mais experientes, disseram para mim que sempre que tentavam se aproximar, um dragão de três cabeças mirava suas chamas neles. Um silêncio ficou levemente pesado. — O dragão é guardião do nosso telhado, mas não tem permissão para atacar aves mensageiras de nenhuma raça. Nadine começou a prestar atenção e então ficou um pouco séria. — O dragão foi treinado por Taddeus... Ele deveria saber muito bem o que fazer. — Ela disse, preocupada. — Bom, ele sabia que tinha que afastar as minhas aves e morcegos. Inclusive, eu tinha um falcão, que nunca retornou. Então, eu suponho que estejamos em um impasse. Não atenderam os meus pedidos, e agora, não posso permitir que simplesmente acabemos com essa guerra com um aperto de mãos. — Ele rodou a taça entre os dedos, prestando atenção. — Suas perdas não foram nada perto das minhas! Dizimaram vários pelotões do meu exército, tudo por causa de um pedaço de terra! — Benjamin ficou ansioso, mas Johan apertou o olhar. — Por que em sã consciência eu tentaria tomar um pedaço de terra, Senhor Benjamin? Acha que foi por isso que eu iniciei algum contato com o senhor? Cavalos de caçadores e cães ferais invadiram minhas florestas, mataram todo um vilarejo muito importante, carregando o seu brasão. — Johan não demonstrava nenhum tipo de expressão enquanto conversava à mesa, apenas seriedade e profissionalismo. — Mas eu não ordenei nada disso! — O rei então rapidamente se defendeu. — Então quem mais faria isso, senhor? — A voz calma e cortante de Johan cortou como uma lâmina temperada recém-afiada. Ele hesitou... Mas olhou para Taddeus, enquanto isso Nadine ficava muito ansiosa. — Você não tem por que fazer isso, não fez, certo? Não sem minha benção como rei... — O rei se virou para ele, tocando suas mãos com certa força e nervosismo. — ... Eu não tive a intenção de matar ninguém, estávamos nos defendendo de um ataque... — Ele mordeu os lábios de nervoso, mas não deixou de falar a verdade que ele criou para tirar o seu da reta. — Basta... Mentiras... Na minha casa? Não é à toa que Deus tenha te abandonado, rapaz. Você tem a petulância de um demônio. Eu não mentiria e sei que um vilarejo guardado por um bando de chocobos e pássaros não atacaria ninguém. — Ele soltou a taça. — Mas existe uma forma disso tudo acabar. — Não diga o que está pensando... Não posso aceitar qu... — A voz de Nadine se sobressaiu, cortando o ar e as palavras do pai. — ... Pai, eu decidi que quero me casar com Johan Draconis e unir nossos reinos para acabar com tanto sofrimento do nosso povo... — Seu tom de voz corta a todos. Johan, Lua e os criados olharam espantados para ela, confusos de certo, mas espantados com certeza. Tudo que refletiu no rosto do rei vampiro foi um sorriso, brilhando em suas presas, arrancando a expressão séria do rei.






