Capítulo 140
“Não era amor. Era desespero tentando se vestir de salvação.”
O silêncio da suíte presidencial foi rasgado por um grito brutal.
Rafael Villeneuve, de joelhos no chão, batia com os punhos cerrados contra o tapete de linho como se pudesse fazer a dor sumir. O quarto ao redor era um campo de batalha: garrafas quebradas, abajures destruídos, cortinas rasgadas. A televisão estava caída, a madeira da escrivaninha lascada por um chute que ele mesmo não lembrava de ter dado.
— Ela me desmontou... ela me viu por inteiro. — murmurava entre dentes, o rosto suado, olhos vermelhos. — Ela me expôs. Como se eu fosse um monstro. Como se tudo que eu fiz não fosse por ela.
Ele caiu de costas, respirando com dificuldade, as lágrimas queimando os cantos dos olhos. O peito subia e descia com força. O eco do tapa que Naia deu com palavras ainda vibrava na alma dele.
— Ela não vai me deixar. Eu não vou deixar. Ela é minha. Minha mulher. Meu amor. Minha missão. — disse em voz baixa, como se ten