Capítulo 139
“Algumas dores não se explicam. Elas precisam ser soltas no ar para não nos sufocar.”
Naia dirigia sem controle. O volante tremia nas mãos, os olhos turvos pelas lágrimas. A respiração falhava, o peito arfava. Ela apertava os lábios com força tentando conter o grito que explodia por dentro.
Cassian acelerava atrás dela, o carro engolindo o asfalto como uma fera em perseguição. Assim que se colocou ao lado do carro de Naia, abaixou o vidro e gritou com firmeza:
— Oi, delícia. Diminua a velocidade agora.
Naia olhou para o lado, os olhos cheios de lágrimas. Ao ver Cassian, soltou um soluço engasgado e diminuiu a velocidade. Parou o carro no acostamento. Cassian fez o mesmo, encostando ao lado dela.
— Eu preciso gritar, amor.
— Tire seu casaco, amor. Jogue para trás.
Ela obedeceu, tirou o casaco e jogou para trás do banco.
— Feche os vidros. E grite.
Naia apertou o botão. Os vidros subiram. E então ela gritou. Com força. Com dor. Com raiva. Gritou até a garganta arranhar.
Ca