Capítulo 106
Quando o coração reconhece o que os olhos ainda não veem.
O som dos passos foi o único aviso antes do pediatra entrar no quarto, com os olhos sérios e a prancheta contra o peito.
— Senhora Villeneuve... — começou, a voz firme, mas contida. — Infelizmente, o bebê não está se recuperando como esperávamos. Ele ainda está lutando, mas precisamos que a senhora seja forte. A presença da mãe pode fazer toda a diferença agora.
Naia sentiu o chão sumir sob seus pés. Ela não conseguia responder. Só assentiu com um gesto leve, as lágrimas já escorrendo.
As enfermeiras se aproximaram e a ajudaram a se sentar em uma cadeira de rodas. Com cuidado, ajustaram o robe hospitalar, colocaram os cintos de segurança e a conduziram pelo corredor silencioso.
O caminho até a ala neonatal parecia interminável. Ao chegar, a médica abriu a porta da sala da incubadora. Lá dentro, o bebê estava enrolado em uma manta azul-clara, com os bracinhos para dentro e a cabeça coberta até a testa. Apenas o ro