Queimando

A inquietação me dominava.

Nada me saciava. Nem os treinos, nem os planos políticos, nem a expectativa da festa. Meu corpo pulsava com uma energia que não reconhecia — como se algo dentro de mim tivesse acordado depois de anos adormecido.

Então, cedi ao instinto. Me transformei em movimento.

Corri.

Meus pés deslizavam sobre a terra, meus pulmões absorviam o ar da floresta como se quisessem extrair cada segredo escondido nas árvores. O vento batia em meu rosto, mas não me trazia alívio.

Pelo contrário. Só me levava cada vez mais perto.

Mais perto dela.

Não sabia de quem, nem por quê. Mas meu lobo sabia. Ele rugia dentro de mim, uivando sem som, desesperado por algo que nem eu compreendia.

Foi quando aconteceu.

O cheiro.

Tão forte, tão inesperado, que me acertou como um tapa violento no peito. Quente, selvagem, doce... como flores em brasa.

Minhas pernas falharam. Meus olhos se fecharam. Tudo em mim reagiu.

Meu lobo parou de uivar — e começou a rosnar de desejo.

Sem pensar, comecei a caminhar.

Cada passo que dava naquela direção, o aroma dela se intensificava.

Era como se a própria floresta me guiasse. Como se cada galho, cada folha, cada sussurro do vento me empurrasse para ela.

E então, entre as árvores... eu a vi.

Ela estava agachada, colhendo flores. Como se o mundo não estivesse prestes a mudar por causa dela. Como se o caos não estivesse prestes a nascer de seus olhos.

Pele branca como a lua cheia.

Olhos verdes como a floresta em fúria.

O tempo parou.

Cada detalhe dela era uma explosão dentro de mim.

Os fios soltos do cabelo, o leve franzir das sobrancelhas, a forma como os dedos tocavam cada flor... Tudo nela era puro. Selvagem. Provocador. E meu.

Meu corpo pulsava.

Cada centímetro de mim estava desperto, eletrificado, faminto.

— Ela... — sussurrei sem voz. — É ela.

Minha respiração ficou pesada. Minhas mãos se cerraram. Era como se estivesse diante do sol, e mesmo assim, não pudesse — ou não quisesse — desviar o olhar.

De repente, ela se ergueu. Seus olhos se encontraram com os meus.

E o mundo... desabou.

Seus olhos encontraram os meus.

Verdes. Intensos. Selvagens.

Um arrepio percorreu meu corpo.

Meu lobo ficou em silêncio... e em alerta.

A conexão foi imediata, brutal. O cheiro dela me atingiu como um soco no estômago — doce, úmido, excitado. Era um perfume que vinha de dentro, das entranhas, do desejo. Quente e proibido.

Dei um passo à frente.

Outro.

E a cada passo, o cheiro da sua excitação se intensificava. Inconfundível. Tão nítido que meu autocontrole começou a rachar.

Eu a observei. Cada detalhe seu parecia moldado para me torturar.

A pele branca como lua.

O pescoço exposto, pulsando.

A boca entreaberta.

Os olhos famintos — mesmo que ela não entendesse por quê.

Fiquei parado, observando. O lobo dentro de mim urrava.

Ela me desarma com o cheiro e me domina com o silêncio."

Dou mais um passo em sua direção.

Cada centímetro entre nós evapora, como se o próprio ar estivesse prestes a pegar fogo. Sinto o calor dela antes mesmo de tocá-la. Um calor úmido, visceral, que me alcança como um sussurro proibido.

Meu corpo responde como se já a conhecesse.

A cada passo que dou, minha pele formiga. O lobo em mim se ergue, atento, vibrando em silêncio. Ele a observa também, ansioso para marcá-la, como se esperasse por esse momento desde o nascimento.

Ela me olha.

Não se afasta.

Não corre.

Ela me sente.

O cheiro da sua excitação me atinge como uma tempestade. Forte, doce, almiscarado. É o cheiro mais delicioso e destruidor que já senti.

Minhas presas se projetam sem aviso.

Meus instintos pedem para tomá-la ali mesmo.

Mas eu respiro fundo e falo. Minha voz está rouca, baixa, carregada de intenção:

— Sinto o cheiro da sua excitação...

Ela treme.

Seus olhos perdem o foco por um instante. Ela luta contra o próprio corpo, contra o que sente. Mas eu sei... ela está tão dominada quanto eu.

Me aproximo devagar, com controle forçado. Cada passo é uma batalha.

Minha mão toca sua cintura — e é como encostar na fonte do fogo.

Ela é calor. Ela é perigo.

Ela é desejo puro.

Sua pele reage ao meu toque, arrepiando sob meus dedos como se estivesse me esperando. Como se quisesse ser tocada por mim. Somente por mim.

Me inclino. Minha boca encontra seu ouvido, e meu lobo rosna baixo, satisfeito com a entrega que já está nos olhos dela.

— Você é linda... inacreditavelmente linda, — sussurro, e minha voz sai mais grave do que eu imaginava. Quase possessiva.

Ela solta um suspiro — involuntário, doce, rendido.

Esse som me destrói.

Me incendeia.

Levo meu rosto ao seu pescoço. A pele dela está quente, pulsante.

A melhor droga que já provei.

Inspiro profundamente. Ela tem cheiro de flor silvestre e pecado.

Me afasto só o suficiente para sussurrar, ofegante:

— Você cheira… como o pecado.

Meu controle se despedaça.

Meus olhos estão febris. Meu corpo inteiro lateja.

Meu lobo ruge em mim, exigindo mais.

Quando meus lábios tocam os dela, o mundo cessa.

Tudo desaparece.

O beijo é intenso. Faminto. Profundo.

Seus lábios são macios, quentes, receptivos.

Ela me beija de volta com a mesma fome.

Ela me quer.

E isso… me enlouquece.

Sinto suas pernas vacilarem. O cheiro entre suas coxas muda.

De úmido para encharcado.

E isso me arranca um gemido baixo, rouco, animalesco.

Minhas mãos a percorrem como se seguissem um mapa antigo.

Cada curva. Cada tremor.

Ela é perfeita.

Deslizo os dedos por sua cintura, subo pela lateral de seu corpo e, sem pensar, toco seus seios por baixo da blusa.

São cheios, firmes, vivos.

Ela arqueia em resposta. Seu corpo se molda ao meu como se já soubesse o caminho.

Meus lábios ainda estão nos dela quando ela geme.

Um som que me marca por dentro. Que me obriga a fechar os olhos para não perder o controle.

Ela não sabe meu nome.

Não sabe quem sou.

E mesmo assim, me entrega tudo.

E eu recebo.

Como se fosse dela desde o início.

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