A noite havia ficado mais densa, como um manto sobre os telhados da cidade. As sombras não se moviam, apenas se acumulavam. Era como se até o vento prendesse a respiração, à espera do que viria.
O plano fora traçado em silêncio. Eu, Dante e Enzo partiríamos naquela mesma madrugada. O objetivo, infiltrar-se no antigo galpão portuário, usado agora como esconderijo dos Caimi e Ferreti. Informantes haviam indicado que ali estavam escondidos documentos com os nomes dos financiadores da guerra, rotas de tráfico de armas, acordos de sangue.Se conseguíssemos aquilo, teríamos uma vantagem real.Nos preparamos como quem se despede. Cada movimento era exato, cada gesto carregava um adeus não dito. Vesti preto. Enzo ajustava sua arma com concentração cega. Dante... Dante não disse nada. Apenas se aproximou, me olhou, e pousou uma das mãos na minha nuca e olhou dentro dos meus olhos, com uma profundidade escura.— Se der errado, você corre. Entendeu Anna? — e