Finalmente o dia chegou, era o primeiro dia na nova empresa. O coração de Isadora batia acelerado desde o momento em que atravessou as portas de vidro da TechGlobal.

A sede da empresa parecia saída de um filme futurista: corredores de vidro, painéis digitais por toda parte, funcionários apressados, e aquele cheiro inconfundível de café forte misturado com tecnologia de ponta.

Ela havia lutado tanto para estar ali. Cada noite virada estudando, cada teste técnico, cada entrevista… tudo culminava naquele instante.

Respirou fundo, ajeitou o blazer e seguiu a recepcionista que a conduzia até a sala onde conheceria seu superior imediato, pelo menos era o planejado.

As mãos suavam. Não era medo, mas um peso enorme de responsabilidade. Isadora não permitiria que nada — absolutamente nada — comprometesse sua carreira.

— Pode aguardar um instante. O diretor já vai recebê-la — disse a recepcionista, sorridente, antes de deixá-la sozinha na ampla sala de reuniões.

Isadora aproveitou para se acomodar. Observava os detalhes luxuosos do ambiente quando ouviu a porta se abrir.

Virou-se, e o mundo parou.

Era ele.

O homem da boate.

O desconhecido que havia marcado sua pele e sua memória horas antes.

Agora de terno, impecável, postura ereta e olhar frio.

Por um segundo, Isadora pensou estar alucinando. Mas não havia dúvida.

O mesmo olhar intenso. O mesmo perfume amadeirado. O mesmo homem que prometera ser apenas uma noite. Isso deveria ser um pesadelo, uma pegadinha, não era possível que fosse real.

— Bom dia — a voz dele soou firme, carregada de profissionalismo, mas o breve arquejar de surpresa nos olhos o entregou. — Seja bem-vinda à TechGlobal. Sou Leonardo, CEO da empresa. O diretor de tecnologia teve um imprevisto para resolver.

Isadora sentiu o chão se mover sob seus pés.

CEO.

Chefe.

Não um desconhecido qualquer. Não uma lembrança que ela poderia apagar.

— I-Isadora… — ela gaguejou, tentando recuperar a compostura. — É uma honra estar aqui na TechGlobal.

Ele estendeu a mão, e quando seus dedos tocaram os dela, a corrente elétrica foi imediata. Mas, dessa vez, nenhum dos dois permitiu que transparecesse.

Ambos tentaram mascarar a tensão com expressões sérias, como se nada tivesse acontecido.

— Espero que sua experiência seja produtiva — Leonardo disse, o tom cortante e frio, tentando soar o mais distante possível. — Aqui na TechGlobal, competência é o que importa. Nada mais.

O recado estava claro.

Aquilo era um acordo silencioso: a noite anterior deveria ser esquecida, ela não poderia existir.

Isadora forçou um sorriso profissional, mesmo com o coração em chamas.

— É tudo o que eu quero também. Trabalho. Só isso.

Os olhos dele faiscaram por um segundo, como se desafiassem a promessa que acabara de ouvir.

E, naquele instante, eles souberam:

Podiam tentar enterrar o que aconteceu.

Podiam fingir.

Mas sabiam que o desejo que sentiram um pelo outro não era algo que se apagaria tão fácil.

O que o futuro teria reservado para eles? Nem eles imaginavam a reviravolta que poderia acontecer, ninguém estava preparado…