Mundo de ficçãoIniciar sessãoO som dos teclados, o burburinho baixo das conversas e o cheiro de café fresco preenchiam o ambiente da equipe de TI. Isadora tentava se concentrar nos códigos que desfilavam em sua tela, mas a lembrança de Leonardo pairava sobre sua mente como uma sombra impossível de ignorar.
O problema não era apenas ele ser seu chefe. O problema era cada detalhe daquela noite gravado na sua pele, e a forma como agora ele parecia… intocável. As amigas do apartamento, animadas com as novidades, mandavam mensagens no grupo: “E aí, já viu o chefe gato?” Isadora revirou os olhos e digitou rapidamente: “Sim. Mas não é o que vocês estão pensando. Larga de bobeira.” Mentira descarada. — Isadora? — a voz firme a trouxe de volta ao presente. Ergueu os olhos e quase perdeu o ar. Leonardo estava ali, parado ao lado da mesa, as mãos no bolso do terno perfeitamente alinhado. — Sim, senhor? — ela respondeu, mantendo o tom profissional, mas sentindo o coração bater descompassado. Ele inclinou-se levemente, o suficiente para que apenas ela pudesse ouvir: — Preciso de você na reunião em quinze minutos. Traga os relatórios da integração do sistema. Ela assentiu, tentando ignorar o arrepio que percorreu sua espinha com a proximidade dele. ⸻ Na sala de reuniões, o clima era outro. O espaço amplo, a mesa de vidro e as telas enormes exibindo gráficos davam o tom de seriedade. Leonardo conduzia tudo com autoridade inquestionável. Mas a cada vez que seus olhos cruzavam os de Isadora, havia algo não dito, uma faísca escondida por trás da máscara profissional. — A projeção de custos está correta, mas precisamos otimizar os prazos. Isadora, você tem uma solução? — ele perguntou, olhando diretamente para ela, como se a desafiando. Todos os olhares recaíram sobre ela. Era seu momento de mostrar porque havia conquistado aquela vaga. — Sim, senhor. Se aplicarmos o novo framework que mencionei no teste técnico, conseguimos reduzir o tempo de entrega em 30%, sem comprometer a segurança do sistema. Leonardo arqueou uma sobrancelha. Um sorriso discreto, quase imperceptível, surgiu em seus lábios. — Excelente. É isso que espero da minha equipe. A aprovação dele aqueceu algo dentro dela — e a assustou. Não era só desejo. Era respeito. E respeito vindo dele era perigoso, porque tornava a atração ainda mais incontrolável. ⸻ Quando a reunião terminou, Isadora guardava seus materiais quando sentiu a aproximação dele novamente. — Foi brilhante hoje — disse baixo, o suficiente para que ninguém mais ouvisse. Ela respirou fundo, mantendo o olhar firme. — Obrigada. Mas não se preocupe, senhor. Eu sei separar muito bem trabalho de… outras coisas. Leonardo a fitou, os olhos faiscando como se estivesse prestes a responder algo impróprio, mas conteve-se. Apenas sorriu de lado e se afastou. Isadora observou sua figura imponente deixar a sala. Um nó se formou em seu peito. Podia lutar com todas as forças para manter distância. Mas havia uma verdade que, cada vez mais, se tornava inevitável: Aquele homem era uma tentação impossível de apagar.






