Narrado por Anya Petrova
A sala de jantar estava silenciosa quando ele entrou. O relógio marcava quase oito da noite e eu já tinha me acostumado ao som dos talheres dos empregados arrumando a mesa para dois, mas não ao vazio que me rondava desde a partida de Darya e Polina naquela manhã.
Dmitri surgiu como sempre, impecável. Terno escuro, postura ereta, a presença que enchia o ambiente mesmo antes dele falar. Mas dessa vez parecia cansado. Os olhos denunciavam horas de tensão. Ele tirou o paletó, entregou para Irina e se sentou à cabeceira.
— Tive muitas coisas para resolver na sede da máfia hoje cedo — disse, ajeitando o guardanapo no colo. — Não quis te acordar.
Assenti, mexendo sem apetite na sopa que estava à minha frente.
Ele me observou em silêncio por alguns segundos antes de perguntar:
— O que foi? Está estranha.
Engoli seco, sem conseguir disfarçar. — É que… agora eu vou ficar sozinha o dia todo. As meninas foram embora, eu não posso dar aula. É como se minha vida tivesse sid