Narrado por Anya Petrova
Acordei com o silêncio.
Pela primeira vez em dias, a cama parecia maior do que o normal. O espaço ao meu lado estava frio, vazio, como se Dmitri nunca tivesse deitado ali. Passei a mão pelo lençol, sentindo apenas o tecido gelado, e uma pontada de incômodo tomou conta de mim. Não sabia se era alívio ou decepção.
Levantei devagar, o corpo ainda marcado pela noite anterior, e fui até o espelho. Me olhei: cabelos soltos em desalinho, olhos um pouco vermelhos, boca inchada. Peguei a primeira roupa confortável que encontrei e me arrumei. Talvez fosse melhor agir como se nada tivesse acontecido.
Quando desci as escadas, o cheiro de café fresco me atingiu, trazendo uma sensação de normalidade que já não existia. Na sala de jantar, Darya e Polina estavam sentadas à mesa, rindo baixinho de alguma bobagem.
— Bom dia, dorminhoca — disse Darya, erguendo a xícara.
— Finalmente resolveu aparecer — completou Polina, com um sorriso cúmplice.
Sorri de leve e me sentei com elas