Narrado por Catarina Smirnova
O carro que nos levou de volta para casa parecia uma prisão sobre rodas. O silêncio era tão pesado que eu ouvia apenas o ronco do motor e o bater acelerado do meu coração. Mantive o rosto colado ao vidro, fingindo observar as luzes de Roma, mas tudo estava embaçado pelas lágrimas que lutavam para não cair. Minha mãe olhava para mim com preocupação, mas também em silêncio — ela sabia que qualquer palavra poderia acender mais ainda a fúria do meu pai.
Quando finalmente atravessamos os portões da casa, meu corpo já não aguentava mais. Assim que as portas se abriram, subi correndo as escadas, os saltos ecoando pelo mármore. Senti meu peito explodir. Foi no corredor, perto do meu quarto, que minha mãe me alcançou. Ela me puxou para perto, e eu desabei no colo dela como uma criança perdida.
Catarina: — Mamãe… ele me vendeu! Me vendeu como se eu fosse moeda de troca!
As lágrimas escorriam livres, molhando o tecido do vestido dela. Minhas mãos tremiam, meu corpo