Letícia
A porta da minha casa se fechou atrás de mim com um estrondo seco, mas não foi o suficiente pra me trazer de volta pra realidade. Eu ainda ouvia a voz dele na minha cabeça:
“Você é apenas um peão. Uma peça barata num tabuleiro sujo.”
Tirei os sapatos na entrada. Meus pés estavam latejando, mas a dor física era pequena perto da vergonha que queimava no meu peito.
Massimo Mancini não só não caiu… como me destruiu com duas frases e um olhar.
E agora?
Agora eu tinha um marido ansioso me esperando na sala, com os olhos arregalados e o sorriso de quem achava que a gente tava prestes a ficar milionário.
— E aí? — Gustavo se levantou, esfregando as mãos, empolgado. — Como foi? O velho caiu na sua? Ele já tá apaixonadinho por você?
Tentei respirar fundo. Joguei a bolsa no sofá, tirei o casaco devagar, pra ganhar tempo.
— Foi… foi bom.
— Bom? — ele se aproximou, animado. — Tipo… ele te chamou pra sair de novo? Ele falou em te ver amanhã?
Engoli em seco.
— Ele… se mostrou bem interessado