Massimo
O som da caneta deslizando pelo papel sempre me trouxe certa paz. Há décadas assino contratos, reviso relatórios e gerencio milhões — e mesmo assim, há algo quase terapêutico nesse gesto antigo de tinta sobre papel.
Estava no último parágrafo do relatório trimestral da filial de Miami quando o celular vibrou sobre a mesa.
Normalmente, eu ignoraria. Minhas ligações são filtradas. Minhas mensagens, organizadas por três assistentes diferentes. Mas dessa vez, foi diferente. Era uma notificação simples, de um número desconhecido. Sem foto. Sem país de origem.
Toquei na tela. O conteúdo apareceu como uma pancada no estômago.
> "Ela não é quem você pensa que é.
Abre os olhos antes de ser tarde demais."
Nada mais.
Sem nome. Sem contexto. Só aquelas palavras cravadas como facas. Encostei o corpo na cadeira de couro e encarei o teto por alguns segundos.
Letícia.
Claro que era sobre ela.
Desde que aquela mulher cruzou meu caminho no restaurante, tem algo em mim que se mantém em alerta. C