Letícia estava deitada no sofá do pequeno apartamento, com uma xícara de chá esquecida na mão, quando ouviu a campainha tocar. O coração acelerou na mesma hora. Desde que Gustavo tinha surtado na noite anterior, ela vinha esperando o pior. A tensão era tanta que qualquer barulho parecia um sinal de alerta.
Ela se levantou devagar, ajeitou o roupão sobre o pijama e caminhou até a porta. Olhou pelo olho mágico e arregalou os olhos.
Enzo.
E ele não estava sozinho.
Ao lado dele, um homem engravatado, de expressão séria, segurava uma pasta preta em uma das mãos.
Ela hesitou por um segundo, mas destrancou a porta.
— Enzo… o que você tá fazendo aqui?
— Entra, doutor — ele respondeu, sem dar atenção à pergunta dela.
O advogado entrou primeiro, cumprimentando-a com um aceno breve. Enzo entrou em seguida, sem sorrir, sem ao menos encará-la direito. Aquilo fez Letícia se encolher. O olhar dele estava diferente — menos encantado, mais decidido. Ela soube na hora que aquilo não era uma visita casu