Narrado por Letícia
Eu ainda tava com a mão no rosto.
Sentada no chão da sala, com o gosto metálico da vergonha e do medo na boca.
A dor do tapa nem era o pior. O pior era o silêncio que veio depois. O jeito como ele me olhou, como se tivesse feito a coisa mais natural do mundo. Como se fosse certo. Como se eu tivesse merecido.
Eu não chorei na hora. Travei. Me obriguei a levantar devagar, sem dar o gostinho de ver minha fraqueza. Fui pro quarto, me tranquei, e aí sim deixei as lágrimas caírem.
O rosto ardia, mas o que doía de verdade era a alma.
Fiquei ali sentada na beirada da cama, encarando o celular, com a mensagem do Enzo ainda aberta.
“Queria muito sentar pra conversar com você. Sem guerra, sem gente em volta. De uma maneira melhor.”
Eu precisava conversar com ele. Precisava contar o que tava acontecendo. Porque eu tava com medo. Porque eu tava grávida. Porque eu precisava proteger meu filho. Porque… eu não aguentava mais aquela prisão.
Mandei uma mensagem simples, com as mãos