Narrado por Noah
A tela mostrava tudo.
No canto superior da parede do quarto que preparei para ela, havia uma câmera minúscula. Disfarçada. Não era invasiva — não o suficiente para filmar o que ela fazia no banheiro ou na cama. Mas me dava o suficiente.
Dava pra ver quando ela acordava com o filho no colo e não o largava nem pra beber água. Dava pra ver quando ela ficava horas sentada na poltrona da varanda, olhando pro nada. E dava pra ver quando ela chorava em silêncio, sem emitir um único som, com o maxilar travado e os olhos molhados — como se até sua dor fosse protegida de mim.
Era isso que me enlouquecia.
Eu a tinha sob o meu teto. Assinou meu sobrenome. Dormia nos lençóis da minha casa. Mas ainda assim... não era minha.
E talvez nunca fosse.
Mateo entrou na sala de controle com o tablet em mãos.