Narrado por Bianca
A primeira coisa que senti ao entrar na mansão dos Mancini não foi o impacto do luxo.
Foi o ar.
Frio. Sem cheiro. Sem alma.
Nem os tapetes caros, nem os mármores brilhando nas paredes disfarçavam o fato de que ali dentro não havia calor. Tudo era bonito, mas era um bonito sufocante. O tipo de lugar onde o silêncio pesa mais que os móveis, e onde você sente que não pode respirar fundo demais sem pedir licença.
Eu desci do carro com o bebê nos braços, e Noah caminhava dois passos à frente, como sempre. Ele não olhou para trás. Nem uma vez. Nem quando a governanta apareceu para me “receber” com um sorriso ensaiado e voz doce demais.
— Seja bem-vinda, senhora Mancini. O seu quarto já está preparado.
A palavra me deu enjoo. “Senhora Mancini”.
Eu devia estar com o rosto pálido porque Ana Júlia, ao meu lado, segurou meu braço discretamente.