Atena é uma mulher bem-sucedida e dedicada à sua carreira. Sua vida muda drasticamente quando sua irmã gêmea, Artemis, sofre um acidente fatal, deixando Atena com a guarda de sua sobrinha, Ellah. Ao lidar com a perda e a nova responsabilidade, Atena descobre um diário que revela a identidade do pai de Ellah: Lukke Rock, um astro do rock famoso por sua imaturidade e comportamento mulherengo. Cumprindo o último desejo de sua irmã, Atena decide procurar Lukke e apresentar-lhe sua filha, enfrentando desafios inesperados e descobrindo um novo sentido para sua vida.
Ler maisO som insistente do alarme me despertou às seis da manhã. Estiquei o braço preguiçosamente para desligá-lo, desejando que fosse sábado. Mas não era. Era terça-feira, e, como sempre, minha agenda estava lotada de compromissos. Trabalhar como diretora financeira de uma grande empresa de tecnologia exigia mais do que apenas habilidades com números; exigia tempo, energia e um foco inabalável.
Enquanto tomava café, liguei para minha irmã para saber a que horas ela chegaria. Sentia muitas saudades dela e da minha sobrinha, que é a fofura em pessoa. Ela me atendeu no quinto toque.
— Oi, meu raio de lua — disse minha irmã, dando um sorrisinho.
— Oi, meu raio de sol. Que horas você vai chegar? — Perguntei, percebendo a demora na resposta. — Artemis?
— Vou me atrasar um pouco. Ellah ainda está dormindo e não quero acordá-la agora.
— Tudo bem, maninha. Até mais tarde. Se chegar antes de mim, pode entrar na minha casa, tudo bem?
— Tudo bem. Vê se não trabalha muito, pois a mamãe sempre dizia que devemos curtir a vida antes que ela seja tirada de nós.
— Não sou como você e a mamãe. Sou mais como o papai. Minha carreira é minha vida.
— Atena! Não pense assim, por favor.
— Tchau, Artemis. Diz a Ellah que mandei um beijo e vê se não demora a chegar. Beijos.
Desliguei o celular e terminei meu café. Desci até a portaria, cumprimentei o porteiro e fui para o meu carro. Meu celular apitou e vi que era minha irmã enviando uma mensagem cheia de positividade.
Apesar de sermos gêmeas, minha irmã e eu somos completamente diferentes. Artemis sempre foi mais liberal, gosta de curtir a vida sem se importar com a opinião alheia, o que é o oposto de mim. Sou focada em trabalhar e meus amigos me chamam de workaholic.
Chegando à empresa, fui para minha sala, um espaço organizado e minimalista que refletia minha personalidade. A parede de vidro oferecia uma vista panorâmica da cidade e a mesa de madeira escura estava impecavelmente arrumada, com pilhas de documentos cuidadosamente organizadas. Sentei-me na cadeira de couro e comecei a revisar os relatórios financeiros do trimestre. Era uma rotina quase ritualística que me ajudava a manter o foco. Murilo, meu secretário, entrou e começou a ler minha agenda do dia.
— Atena, tem certeza de que não quer cancelar alguma reunião? — Ele perguntou, e eu neguei. — Mas a sua irmã não está vindo?
— Sim, está, mas detesto desmarcar reuniões sem necessidade. — Murilo me encarou como se eu fosse louca. Não sei por que ele ainda não se acostumou comigo depois de quase cinco anos trabalhando juntos.
Às dez horas, Murilo voltou com uma pilha de documentos e uma xícara de café fresco. Ele conhecia bem meu gosto: forte e sem açúcar.
— Aqui estão os relatórios que você pediu e a agenda de reuniões para hoje — disse ele, colocando os papéis sobre a mesa.
Agradeci com um aceno de cabeça e comecei a folhear os relatórios. Enquanto isso, Murilo ficou por perto, pronto para anotar qualquer coisa que eu precisasse.
— Murilo, você pode me trazer o relatório de desempenho do último mês? — perguntei sem desviar os olhos dos documentos.
— Claro, está na sua mesa à direita — ele respondeu prontamente.
Enquanto lia os números, meus pensamentos voltaram-se brevemente para Artemis e Ellah. Eu sabia que elas traziam uma leveza e alegria que minha vida profissional não podia oferecer. Artemis sempre me dizia que eu deveria relaxar mais, mas a verdade é que eu encontrava um tipo de satisfação no trabalho que era difícil de explicar.
À medida que o dia avançava, mergulhei em reuniões consecutivas com diferentes departamentos. Discussões sobre estratégias de investimento, apresentações de novos projetos e uma conferência com investidores internacionais tomaram grande parte do meu tempo. Cada reunião era um novo desafio, e eu adorava isso.
Durante uma breve pausa, decidi enviar uma mensagem para Artemis.
"Como estão as coisas por aí? Já saíram de casa?" Poucos minutos depois, meu telefone vibrou com a resposta.
"Tudo tranquilo. Estamos a caminho. Um certo alguém quis fazer diversas paradas para ir ao banheiro, comer e salvar um cachorrinho."
“Por que não vieram de avião? Chegariam mais rápido.”
“E perder toda a diversão que uma viagem de carro nos proporciona?”
Revirei os olhos e travei o celular.
Almocei rapidamente em minha mesa, revisando mais alguns relatórios enquanto mastigava uma salada. Murilo entrou na sala com uma expressão preocupada.
— Atena, tem uma reunião agendada de última hora com um dos nossos principais investidores. Você quer que eu reagende para amanhã?
Pensei por um momento. A presença de Artemis e Ellah era importante, mas também sabia que essa reunião não podia ser adiada.
— Não, Murilo. Vamos mantê-la. Apenas certifique-se de que todas as informações estejam prontas.
Ele assentiu e saiu da sala para providenciar os detalhes. Às cinco da tarde, a reunião terminou, e eu finalmente pude organizar minhas coisas para sair.
O trânsito estava mais leve do que de manhã e, em pouco tempo, cheguei em casa. Deixei minha bolsa no sofá e fui direto para a cozinha. Comecei a preparar um jantar simples: espaguete com molho de tomate fresco e manjericão, acompanhado de uma salada caprese. Sabia que Artemis adorava pratos italianos.
Enquanto cortava os ingredientes, a campainha tocou. Corri até a porta e, ao abri-la, fui recebida com um abraço apertado de Ellah.
— Tia Atena!
Abracei minha sobrinha com força e depois olhei para Artemis.
— Oi, mana — disse ela com um sorriso cansado, mas feliz.
— Oi, Artemis — respondi, puxando-a para um abraço. — É tão bom ter vocês aqui.
Entramos e nos sentamos na sala, conversando sobre o que tinha acontecido nas últimas semanas. Ellah falou animadamente sobre a escola e seus amigos, enquanto Artemis e eu relembrávamos memórias de infância.
O jantar foi agradável e relaxante. Rimos, conversamos e aproveitamos a companhia uma da outra. Depois do jantar, Artemis e Ellah foram se acomodar no quarto de hóspedes, enquanto eu lavava a louça.
— Ellah dormiu, estava completamente cansada. O que você está fazendo?
— Estava revisando um balancete, mas já estou terminando. — Artemis me encarou. — O que foi?
— Atena, quando você vai viver? Sei que seu trabalho é importante, mas outras coisas também são.
— Não sou como você, que acha que a vida é uma eterna brisa. A vida adulta é essa e você deveria pensar como eu.
— Pelo menos não ajo como se fosse uma frígida. Ou já se esqueceu que você era apaixonada pelo Iron Vortex?
Em um momento de loucura da minha vida, eu era fã de uma banda de rock e tenho uma tatuagem de um vórtice com relâmpagos e faíscas, que era o símbolo da banda. Como me arrependo de ter feito isso.
— Ficou sem palavras, não é? — Olhei para Artemis e travei meu celular.
— Vamos assistir a um filme? — Sugeri.
— Que tal “Como Eu Era Antes de Você?” — Minha irmã bateu palmas animada.
Aceitei a sugestão e ela logo se animou e foi colocar o filme, enquanto eu preparava a pipoca.
Dois Anos Depois A luz da manhã entrava suavemente pelas cortinas do quarto, e eu sentia o calor aconchegante do sol na pele. Dois anos haviam se passado desde aquele dia mágico em que Lukke e eu dissemos “sim” no altar. Desde então, nossa vida foi uma montanha-russa, cheia de altos e baixos, mas sempre regada de amor, parceria e, claro, muitos momentos de risos e lágrimas. O ano anterior foi especialmente difícil para nós. A perda de dona Heloísa devastou a todos, mas especialmente Lukke, que enfrentou um luto profundo pela mãe. Vê-lo desmoronar foi doloroso, mas, aos poucos, ele encontrou força em nós. Ellah, agora com quase nove anos, continua sendo aquela menina encantadora e cheia de personalidade. Mas, como toda criança que cresce, desenvolveu respostas afiadas para quase tudo. Às vezes, confesso que me vejo pensando em sumir por uns minutos para recuperar a paciência, mas logo a sensação passa. É impossível ficar longe dela por muito tempo, ainda mais agora que descobrimos
Um Ano DepoisO som suave do quarteto de cordas preenchia o ar, enquanto eu esperava atrás da porta dupla de madeira, segurando firme no braço do meu pai. Meu coração batia mais rápido do que nunca, mas não era nervosismo. Era a emoção de saber que, em poucos passos, eu estaria unindo minha vida à de Lukke, aquele que transformou tudo ao meu redor em algo mais leve, mais bonito. — Filha, você está linda — meu pai disse, sua voz carregada de emoção. — Obrigada, pai. — Apertei seu braço, tentando conter as lágrimas. Ele me olhou com os olhos marejados. — Só quero que ele cuide bem de você, Atena. Eu sorri. — Ele vai, pai. Lukke já faz isso todos os dias, mesmo sem perceber. As portas se abriram, e um mar de rostos familiares se virou para me ver entrar. Respirei fundo e dei o primeiro passo, sentindo o tapete macio sob meus pés e o olhar fixo de Lukke me esperando no altar. Ele estava deslumbrante em um terno impecável, mas ainda com aquele toque despreocupado que era tão dele
O som ensurdecedor da arena lotada fazia meu coração bater no mesmo ritmo que os gritos e aplausos ao nosso redor. Ellah, ao meu lado, estava radiante, pulando animada em seu pequeno vestido com o logo da Iron Vortex. Lukke e a banda haviam subido ao palco minutos antes, e eu não conseguia tirar os olhos dele. Ali estava o homem que mudou minha vida, com sua guitarra pendurada, dominando o palco com uma presença magnética. Ele olhava para a multidão com aquele sorriso que fazia todas as garotas gritarem ainda mais alto. — Tia Atena, olha! — Ellah puxou minha mão, apontando para o palco. — Papai está olhando pra gente! Olhei, e lá estava ele. Lukke sorria, me procurando na multidão. Quando nossos olhos se encontraram, ele piscou, me arrancando um sorriso inevitável. O show começou com um discurso que fez a arena inteira silenciar. — Boa noite, Rio de Janeiro! — A voz de Lukke ecoou com força, e a multidão explodiu em gritos. — Esse é um momento muito especial para mim e para
O carro deslizava suavemente pela rua enquanto Ellah dormia profundamente no banco de trás, segurando seu inseparável ursinho. Lukke dirigia tranquilamente, uma mão no volante e a outra segurando a minha, um gesto simples, mas que me transmitia uma sensação de segurança inexplicável. — Estava pensando em algo — Lukke começou, olhando para mim de soslaio. — Hum, lá vem. — Sorri, já esperando alguma provocação. — Como você virou fã da Iron Vortex? A pergunta me pegou de surpresa. Eu não esperava que ele tivesse essa curiosidade, mas algo em seu tom me incentivou a responder com sinceridade. — É uma história longa. Tem certeza de que quer ouvir? — Tenho todo o tempo do mundo, lua. Suspirei, olhando pela janela por um momento, enquanto a memória de uma época difícil voltava à tona. — Eu tinha acabado de fazer 12 anos, e a dor de perder a minha mãe era grande, parecia que eu nunca mais seria feliz. Lukke apertou levemente minha mão, em um gesto silencioso de apoio. — N
Atena Godoy Estávamos quase prontas. Eu ajeitava o laço do vestido de Ellah pela terceira vez, enquanto ela insistia em pular de um lado para o outro. — Fica parada, mocinha! — reclamei, tentando esconder o riso. — Estou ansiosa, titia! Quero ver a vovó Heloísa! — Ellah disse, com os olhinhos brilhando. Ela estava deslumbrante em um vestido amarelo claro com detalhes em renda. Seus cachinhos estavam soltos, caindo em cascata pelos ombros, e o sorriso dela iluminava o quarto. — E você está linda! — afirmei, dando um beijinho em sua testa. Olhei para o espelho enquanto terminava de me arrumar. Meu vestido azul-marinho era simples, mas elegante, com um corte que me deixava confortável. Optei por acessórios discretos e deixei o cabelo solto, algo que Lukke adorava. Estávamos terminando os últimos retoques quando a campainha tocou. — É o papai Lukke! — Ellah gritou, correndo em direção à porta. — Calma! Não saia correndo assim! — fui atrás dela, mas já era tarde. Quando
A manhã começou com Leonardo Vasquez invadindo o estúdio como uma tempestade, com sua energia caótica de sempre. Ele parecia estar fervendo de animação, algo que geralmente significava trabalho dobrado para mim e uma dor de cabeça esperando para acontecer. — Lukke! — gritou ele, batendo as mãos com força exagerada em meus ombros. — Essa sua nova música é uma obra-prima, garoto! Uma obra-prima! Revirei os olhos, mas sorri. Ver alguém tão animado com meu trabalho era gratificante, mesmo quando a pessoa era Leonardo, com sua mania de transformar tudo em um negócio milionário. — Obrigado, Leo. Fico feliz que você tenha gostado. Ele quase saltou da cadeira de excitação. — Gostado? Você está brincando comigo? Isso vai explodir as paradas! Temos que gravar isso hoje mesmo. Agora! — Calma, pançudo — brinquei, rindo. — É só uma música. — Só uma música? — Ele me olhou como se eu tivesse insultado sua mãe. — É a música, Lukke! Agora, me diga, quando você vai terminar esse álbum?
Último capítulo