Cora
“Eu quero olhar para o seu rosto todos os dias e que essa pequena cicatriz me lembre que tipo de monstro sou. E que seu sorriso me mostre que até monstros como eu tem direito a ser amado.”
Amado?
Fiquei pensando nas palavras de Antônio enquanto seus dedos iam e vinham nas minhas costas nuas, deitados no sofá.
― Você não gosta de falar do seu passado, não é? ― comentei.
― Falar me faz lembrar de algo que só quero esquecer. Meu pai me fez ir muito a terapeutas e psiquiatras. Apesar do que você acha, não sou louco, tenho um diploma de mente sã.
Ri.
― Existe isso?
― Sei lá. Inventei agora. Mas tenho sim um laudo do médico atestando que apesar do trauma minha mente está firme e forte.
― A sua irmã disse que você não falava antes de me conhecer.
― É verdade. Quando aquilo aconteceu, eu pedi ajuda e a pessoa não só negou ajuda como mandou eu me calar, então eu me calei totalmente. Só que depois meu pai me adotou, e minha mãe me ensinou a nunca esquecer minha voz. Eu sempre lia em voz a