A mulher que vestia um sobretudo, óculos escuros e um chapéu olhou à volta do lounge a partir da entrada, antes de despir o que usava por cima do vestido apertado e curto. Soltou o cabelo desfrisado, que caía até os ombros, e pôs-se a andar, balançando-se naquele salto dez até o bar onde Yahya se sentava.
Sentou-se, ainda procurando entre os rostos que ali estavam se havia algum conhecido, alguém que a reconhecesse e fosse correndo contar aos seus pais a desgraça de filha que eles tinham: uma mulher que andava seminua pelas ruas, frequentava bares à mercê do pecado, junto de homens que não eram da sua família.
Yahya olhou confuso para o lado. Seus olhos viajaram desde o salto atrevido, passando pelas pernas cor de chocolate e aquelas coxas grossas que davam forma ao vestido preto de renda, até o sorriso vermelho que ela vestia. Puro veneno.
— O que aconteceu contigo? — disse, ao vê-la sem as roupas modestas e o hijab. Ele sabia que de "boa muçulmana" ela não tinha nada, mas aquilo ali