Fátima sentava-se à beira da cama de hospital, olhando para o seu novo acessório pelas próximas semanas: a tala e o suporte à volta do pescoço. Uns ramos de girassóis espreitavam pela porta. Fátima olhou brevemente e revirou os olhos.
— Essas flores são para o teu funeral? — questionou numa voz sutil.
Elias entrou no quarto e andou devagar até ela. Parou em frente dela e esperou até que ela o olhasse.
— O cartão diz "rápidas melhoras" — abriu um sorriso de culpa.
— Leva isso — gesticulou para as flores — e...
Elias, esperou, mas ele se deteve.
— Me perdoa — ele tentou, mas ela apenas olhou para baixo.
— Está bem. Foi uma tremenda criancice — admitiu, abanando a cabeça.
— Não — Elias disse num tom de quem ia chorar. — Não. Não pode me perdoar.
Fátima ficou confusa.
— É por isso que os homens vão abusar de ti. És muito boazinha. Estavas a ir muito bem: negaste as flores, depois eu ia pedir para sair, e tu ias dizer não. E se eu dissesse que queria te levar para casa, tu tinhas de fazer