Liam estacionou o carro em frente à igreja de pedra escura no centro da cidade, um santuário em meio ao concreto, onde pecadores de colarinho branco fingiam redenção. Diziam que era a casa de Deus, mas, para Liam, era apenas o lugar onde políticos corruptos ajoelhavam e pediam perdão por terem condenado milhares à miséria.
Ajeitou os botões do paletó com os dedos longos e precisos, e caminhou com calma pelos degraus da entrada. O edifício parecia três vezes maior do que da última vez em que estivera ali. A estrutura mantinha a ilusão de antiguidade intacta: colunas esculpidas, vitrais importados da Itália, afrescos renascentistas.
Nenhuma rachadura.
Nenhum desgaste.
Mas Liam sabia que só a fachada já tinha custado mais do que a maioria das famílias daquela cidade veria em dez vidas.
O céu, nublado e denso, ameaçava uma chuva fria. O tipo de clima que o fazia pensar em suas propriedades no sul da Europa… e em como o silêncio ali era menos sufocante que o desta cidade saturada.
Ele e