O piso gelado mordeu seus pés descalços quando Delancy saiu do quarto. A mansão estava silenciosa, tão imensa e vazia que cada passo parecia ecoar pelas paredes. O relógio marcava 2h47 da madrugada, e ela estava sufocando. Precisava de um copo d’água.
Ou de ar.
Caminhou em silêncio, a camisola fina deslizando contra as coxas, o cabelo preso de qualquer jeito. Os corredores mal iluminados davam à casa um aspecto de sonho quebrado, como se tudo ali fosse bonito demais para ser real.
Ao virar o último corredor que levava à cozinha, ela parou.
Uma mulher alta e esguia surgiu na sala, seus passos silenciosos apesar dos saltos que segurava na mão. O vestido de seda, delicado e justo, mal cobria as coxas longas e elegantes. O cabelo loiro estava preso num coque meio despenteado, como se tivesse sido ajeitado às pressas, e o batom vermelho ainda brilhava nos lábios.
Ela lançou um olhar rápido para Delancy: um olhar que misturava indiferença e algo quase predatório, como se estivesse calculan