CAPÍTULO 67 - Abismo

Alec Fields

A última coisa de que me lembrava era de estar ao lado de Emmy. Seu perfume ainda pairava em mim — uma mistura de medo contido e força indomável. A sala, antes cheia de ecos, parecia ter encolhido ao meu redor, sufocando o ar dos meus pulmões.

Então, tudo se dissolveu.

Os sons se distorceram até se transformarem em uivos — altos, como se chamassem por algo enterrado dentro de mim. Me vi na floresta.

Denso, escuro, cruelmente fria. A mata cerrada cortava minha pele com galhos pontiagudos enquanto corria em minha forma de lobo, e cada passo sobre a terra gelada fazia meus ossos tremerem de dor.

Aquilo não era só uma lembrança.

Era um castigo.

Talvez os próprios Deuses me tivessem lançado ali, no abismo do tempo e da memória, onde não se morre, apenas se revive.

Então, eu a vi.

Um clarão dourado no meio do caos. A luz se espalhava ao redor dela como o nascer de um novo sol. Seus cabelos flutuavam como fios de fogo pálido, e sua presença… era divina demais para ser sonhada.
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