Emmy Zack
O aroma quente da carne assada misturava-se ao perfume amadeirado das velas espalhadas pela mesa de madeira maciça. O crepitar discreto da lareira preenchia os espaços entre nossas palavras, criando uma atmosfera quase confortável — quase. Havia uma tensão suspensa no ar, densa como névoa prestes a desabar.
Isaac inclinou-se para frente, suas mãos firmes segurando a travessa.
— Carne? — perguntou, seu sorriso gentil contrastando com o brilho sombrio em seus olhos.
Assenti com um pequeno movimento de cabeça, ainda que minha vontade fosse levantar e servir-me sozinha, como todos faziam. Mas Isaac insistia em cuidar de mim, como se isso o redimisse de culpas não ditas.
— Salada? — sua voz baixa tornou a pergunta um sussurro cúmplice.
Assenti de novo.
— Frutas? — ele insistiu, a expressão leve, como se tentasse me arrancar um sorriso.
Neguei com um gesto breve, desviando o olhar. Não tinha fome para doces.
Isaac posicionou meu prato diante de mim com uma reverência silenciosa.