Nada voltaria a ser como antes.
Leonardo
A delegacia estava cheia de vozes abafadas, telefones tocando e um cheiro forte de café velho. Mas nada daquilo me atingia mais do que a visão da Clara sentada no banco frio, algemada, com os olhos vermelhos e os ombros tensos. Eu estava andando de um lado para o outro, com as mãos no cabelo e o coração batendo tão forte que doía. Quando vi o carro da polícia parando no hotel, achei que era algum mal-entendido. Mas quando tiraram Clara de lá de dentro, e um dos policiais disse com todas as letras que era por quebra de medida protetiva, o mundo pareceu girar.
Ela tentou se explicar, gritar, dizer que não chegou perto da Mariana de verdade, mas a algema já estava no pulso dela. E agora a gente estava aqui, esperando o advogado. Esperando Marcelo.
Não demorou muito e ele entrou pela porta da delegacia com passos apressados, a pasta de couro debaixo do braço e uma expressão fechada.
— Que porra aconteceu, Leonardo? — ele foi direto,