Leandra Félix
Quando o motorista parou o carro suspirei aliviada ao finalmente chegar. O dia tinha sido longo, e o encontro inesperado com Rafaelly ainda ecoava em alguma parte de mim, mesmo que eu tentasse empurrar aquilo para longe.
A casa estava em silêncio, um tipo de paz que me abraçou assim que abri a porta. O perfume familiar de lavanda e o aroma de bolo recém-assado vindos da cozinha me receberam como um aconchego. Sorri de leve. Dona Francisca sempre fazia questão de deixar o ambiente acolhedor, era impossível não se sentir em casa.
Deixei minha bolsa sobre a mesa do hall e respirei fundo antes de subir as escadas. Pretendia tomar um banho e brincar um pouco com os meninos antes do jantar. Sentia falta deles. Mesmo quando o dia passava rápido, bastava algumas horas longe para que o coração apertasse.
Comecei a subir, degrau por degrau, quando uma tontura repentina me atingiu. A visão escureceu por um breve instante e o corrimão se tornou o único apoio entre mim e o chão.