Nunca fui fã de rodeios quando se tratava de conseguir o que eu queria. Sempre achei perda de tempo ficar medindo palavras, ainda mais quando a raiva já ardia nas veias e o desejo de vingança latejava como fogo prestes a consumir tudo. Por isso, quando Paulina me encarou depois que soltei aquela palavra mágica: vingança, eu soube que o jogo tinha virado.
Ela tentou, por alguns segundos, sustentar aquela máscara de indiferença, como se estivesse acima da situação. Mas eu enxerguei. Ah, como enxerguei. O brilho nos olhos dela não mentia. Era o mesmo reflexo que eu via nos meus, como se duas feras, presas e feridas, finalmente tivessem encontrado uma brecha para escapar e atacar.
Cruzei as pernas com calma e apoiei o cotovelo na mesa, fingindo desinteresse, mas por dentro minha mente fervilhava. O silêncio entre nós era pesado, carregado de algo que só poderia nascer do rancor.
— Então, Rafaelly — ela finalmente quebrou o gelo. — Você me aparece do nada, fala de vingança como se estives