Desde o jantar, Gael e eu não trocamos uma palavra sequer. Passamos pelos mesmos corredores, compartilhamos o mesmo teto, mas parecia que éramos completos estranhos. Ele não se aproximava, não buscava conversa, e o que mais me revoltava: também não procurava pelos meninos. Essa ausência me deixava possessa. Como alguém consegue esquecer os próprios filhos com tanta facilidade?
Bruno e Breno estavam em seus berços, brincando, enquanto eu apenas os observava, com o coração cheio de amor e ao mesmo tempo de indignação.
— O pai de vocês é um idiota. Um babaca de marca maior. — resmunguei, já sem filtro.
Bruno me olhou com os olhinhos curiosos, tentando repetir:
— Ota… ota…
Acabei sorrindo apesar da raiva.
— Isso mesmo, meu amor, ele é um idiota. Como pode não ver vocês há uma semana?
Breno, ao lado do irmão, me encarava sério, como se entendesse cada palavra. Eles percebiam minha irritação. Eu sabia disso. Ultimamente tenho andado tão impaciente, tão no limite, que sinto como se pudesse s