Gael Lubianco
A cada quilômetro percorrido até o apartamento de Paulina, o rosto de Leandra insistia em surgir na mente. Não havia como afastá-la. O olhar que me lançou durante o almoço ainda queimava na memória decepcionado, ferido, silencioso. Não me acusou de nada, mas seus olhos diziam tudo. Um incômodo surdo se espalhava pelo peito, e quanto mais acelerava pelas ruas da cidade, mais parecia fugir de algo que, no fundo, já estava dentro de mim.
Ao estacionar diante do prédio de Paulina, respirei fundo, tentando colocar ordem nos próprios pensamentos. Sabia que enfrentar aquela mulher exigia mais do que autocontrole. Paulina sempre foi um furacão: arrastava para direções que eu não queria, e mesmo assim, parte de mim nunca conseguia escapar completamente. Era o veneno e o antídoto ao mesmo tempo.
Toquei a campainha. A porta se abriu quase de imediato. Lá estava ela, cumprindo o que havia prometido, apenas lingerie vermelha, ousada, carregada de perfume doce e provocação.
— Gaelzinh