Afastei-me rapidamente, o rosto em chamas, como se tivesse sido pega cometendo um crime. O coração ainda martelava no peito, e eu só conseguia pensar na proximidade que quase nos consumiu segundos antes. Gael também se afastou, mas de forma controlada, como se estivesse recolocando uma máscara de frieza no lugar, recuperando o domínio que quase perdera.
— Desculpem a interrupção. — disse a enfermeira, ajeitando os óculos no rosto e desviando os olhos de nós. — Vim apenas verificar os sinais vitais da paciente.
Assenti, tentando conter a avalanche de emoções dentro de mim. Sentei-me novamente na cadeira ao lado da cama da minha avó, mantendo as mãos firmes no colo, na tentativa inútil de parecer calma. Gael permaneceu de pé, ajeitando o paletó com a mesma naturalidade de sempre, embora eu soubesse que nada ali estava normal.
Algo tinha acontecido. Não podíamos negar. Aquele quase-beijo não fora fruto da minha imaginação. Ele estava no ar, como uma faísca prestes a incendiar tudo o que