Entramos no carro e seguimos para o apartamento de Leandra. O trajeto foi silencioso, mas cheio de expectativa. Meus dedos tamborilavam sobre o volante enquanto observava meu pai pelo retrovisor. Ele tentava disfarçar o nervosismo, olhando a paisagem, mas a rigidez dos ombros o denunciava.

— Está animado demais pra quem provavelmente levará um vaso na cabeça — brinquei, tentando aliviar o clima.

Ele soltou uma risada curta. — E parece que você está animado pra assistir a cena.

— Talvez um pouco — confessei, e rimos juntos.

O riso ajudou a quebrar a tensão que parecia tomar conta do carro. Quando o GPS anunciou a chegada, respirei fundo e olhei para os meninos, que cochilavam nas cadeirinhas. A inocência deles contrastava com o turbilhão que se formava dentro de mim.

Paramos na garagem e nos identificamos. Peguei as crianças com cuidado, enquanto meu pai se encarregava das malas. O elevador subiu lentamente, como se testasse minha paciência.

— Preparado? — perguntei, ajeitando Breno no