O dia tinha sido longo, pesado, daqueles que deixam qualquer um com os ombros curvados e a mente exausta. Entre reuniões tensas, relatórios e a pressão constante da empresa, eu só pensava em voltar para casa. Paulina havia insistido para jantarmos juntos à noite, mas, pela primeira vez em muito tempo, não quis. Desmarquei. Não queria o peso das discussões, nem o seu perfume invasivo, nem a forma como ela sempre me cobrava coisas que eu já não tinha para dar.
Assim que pisei na mansão, encontrei dona Francisca no corredor.
— Onde está Leandra? — perguntei, a gravata já frouxa, os passos lentos.
Ela sorriu de leve, como quem sabia mais do que dizia:
— Está no jardim com os meninos.
Segui até lá. O vento trazia risadas infantis, puras, cristalinas. Quando cheguei perto, vi a cena: Leandra sentada na grama, com Breno e Bruno a seu lado. Ela gesticulava com as mãos enquanto contava uma história, e os meninos estavam completamente imersos, eles riam e batiam palmas claramente se divertindo