Gael Lubianco
O relógio na parede parecia zombar da falta de sossego, com aquele tique-taque irritante que preenchia o silêncio entre um suspiro e outro. As horas passavam, mas nada parecia andar. A mesa do escritório estava coberta de papéis, contratos e rascunhos de projetos que pediam atenção, mas a cabeça permanecia em outro lugar. Desde que Leandra partiu para a Flórida, tudo perdeu um pouco do sentido. A empresa continuava de pé, os negócios fluíam, as reuniões aconteciam, mas nada parecia real sem ela por perto.
As noites tinham se tornado longas demais. Quando o silêncio caía sobre a casa, o som do riso dos gêmeos ecoava na mente, misturado à lembrança da voz dela. Era como se um pedaço de ar faltasse. Mariane, minha assistente, notava o estado deplorável em que me encontrava. Já tinha perguntado várias vezes se estava tudo bem, e a resposta era sempre a mesma mentira ensaiada: “Sim, tudo certo.”
A cabeça latejava com o peso de decisões que precisavam ser tomadas. O celular r