6- Janete

Janete narrando

Saí andando com aquele sorrisinho no canto da boca, mas por dentro... meu coração tava acelerado. O Pantera tinha uma presença que mexia com a cabeça de qualquer mulher — mas eu não sou qualquer mulher.

Ele achou que ia me dobrar com meia dúzia de palavras doces, com aquele olhar quente e cheio de malícia? Coitado. Ainda vai ter que ralar muito se quiser me ver baixar a guarda.

Enquanto eu dançava no meio da galera, fingia que nem sabia onde ele tava. Mas sabia, sim. Sentia o olhar dele queimando nas minhas costas. Cada passo meu era observado. E isso, de um jeito estranho, me dava uma certa adrenalina.

Mas não era medo. Era controle.

Nath colou em mim, toda animada, gritando no meu ouvido por causa do som alto:

— Menina, que foi aquilo?! Tu quase beijou o Pantera?!

Dei uma risada alta.

— Quase, né? Mas “quase” comigo não vale.

— Tu é maluca, Janete! Ele é o dono do morro, mulher!

— E eu sou dona de mim.

Ela arregalou os olhos e riu também, me puxando pra dançar mais.
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