Janete narrando
Saí andando com aquele sorrisinho no canto da boca, mas por dentro... meu coração tava acelerado. O Pantera tinha uma presença que mexia com a cabeça de qualquer mulher — mas eu não sou qualquer mulher.
Ele achou que ia me dobrar com meia dúzia de palavras doces, com aquele olhar quente e cheio de malícia? Coitado. Ainda vai ter que ralar muito se quiser me ver baixar a guarda.
Enquanto eu dançava no meio da galera, fingia que nem sabia onde ele tava. Mas sabia, sim. Sentia o olhar dele queimando nas minhas costas. Cada passo meu era observado. E isso, de um jeito estranho, me dava uma certa adrenalina.
Mas não era medo. Era controle.
Nath colou em mim, toda animada, gritando no meu ouvido por causa do som alto:
— Menina, que foi aquilo?! Tu quase beijou o Pantera?!
Dei uma risada alta.
— Quase, né? Mas “quase” comigo não vale.
— Tu é maluca, Janete! Ele é o dono do morro, mulher!
— E eu sou dona de mim.
Ela arregalou os olhos e riu também, me puxando pra dançar mais.