O cheiro de sangue seco misturado à fumaça ainda pairava no ar. Gritos abafados dos feridos ecoavam entre as tendas improvisadas. Kaela mal sentia os próprios braços enquanto curava mais um guerreiro, a pele suada colada à roupa rasgada.
Ela não olhava para Ragnar. Não precisava. O calor do corpo dele estava sempre ali, próximo demais para o que restava do orgulho dela. Ele ajudava em silêncio, recolhendo sobreviventes, fazendo curativos. Não dizia nada. E isso doía mais do que qualquer palavra.
Cedric cruzava o campo como uma tempestade contida, organizando os grupos de cura com eficiência. Estava cansado, com a camisa rasgada e o rosto marcado de fuligem, mas seus olhos ainda tinham o brilho firme de quem se recusa a cair.
— Vocês podiam pelo menos fingir que não querem se devorar vivos — disse ele, parando ao lado dos dois, tentando amenizar a tensão espessa que os envolvia como uma névoa venenosa.
Kaela não hesitou. — Eu só devoro o que me pertence, Cedric.
Ragnar travou a mandíbu