O silêncio da dimensão do exílio era opressor.
Não havia som, vento, ou luz natural. Apenas sombras que dançavam como memórias perdidas, e um céu feito de névoas cintilantes que não revelavam o tempo.
Lilith acordou de joelhos, o coração pesado. Ela sentia o fragmento pulsando dentro de si — como se o próprio Devorador sussurrasse dentro de sua alma.
“Eles te traíram.”
“Eles te temem.”
“Você é o poder que esse mundo rejeita.”
Ela gritou, colocando as mãos sobre a cabeça. A dor era profunda, mas mais do que física, era emocional. A culpa, o amor e a raiva se misturavam como veneno.
— Lilith!
A voz ecoou no vazio, rasgando o silêncio com algo que ela quase havia esquecido: calor.
Ela se virou. Nyra estava ali, em pé diante dela, ofegante, o rosto sujo de lágrimas e poeira dimensional. Mesmo ali, onde tudo era sombra, seus olhos brilhavam com esperança.
— O que você está fazendo aqui? — sussurrou Lilith, a voz rouca.
— Mantendo minha promessa — disse Nyra, caminhando até ela.