O silêncio dentro do carro era confortável, uma pausa necessária depois da tempestade emocional que o jantar havia sido.
Henrique dirigia com uma mão no volante e a outra entrelaçada à de Elize, repousando sobre o colo dela.
A estrada desfilava pelas janelas com as luzes da cidade refletindo em tons dourados e azulados no para-brisa.
Elize encostou a cabeça no vidro, exalando devagar.
— Sobrevivemos — murmurou.
— Mal posso acreditar — ele respondeu, com um sorriso cansado. — Meu pai vai precisar de terapia depois dessa.
Ela soltou uma risada, baixa, ainda um pouco tensa.
Pegou o celular do bolso e digitou uma mensagem rápida:
“Cami, tá acordada?”
O tempo parecia mais lento enquanto esperava a resposta. Henrique lançou um olhar curioso de soslaio, mas não perguntou nada.
O celular vibrou.
“Tô. Aconteceu alguma coisa?”
Elize mordeu o lábio, e o sorriso começou a surgir em câmera lenta.
— Posso? — perguntou a Henrique, levantando o celular.
— Claro. Faz as honras