Ao mesmo tempo que Elize seguia para a faculdade, Henrique seguia para a sala de Rodrigo.

— Bora? — perguntou, encostando na porta com um meio sorriso.

Rodrigo levantou da cadeira sem nem disfarçar a empolgação.

— Achei que nunca ia ouvir isso da sua boca. Tá virando gente, Villamar?

— Milagres acontecem. Mas antes que você se empolgue demais, só hoje. Amanhã volto ao modo insuportável.

Vinte minutos depois, estavam sentados em um bar de esquina com cara de velho conhecido: madeira gasta nas mesas, iluminação baixa, garçons que não perguntavam nomes, só perguntavam "de sempre?".

O garçom mal olhou para Rodrigo e já saiu pegando duas cervejas escuras.

Entre goles e piadas, o papo rodou solto: futebol, juiz roubando jogo, campeonato embolado, e como sempre, Rodrigo provocando como se fosse torcedor adversário só pra tirar Henrique do sério.

— Aquilo foi pênalti! — Rodrigo insistia.

— Aquilo foi teatro. O cara tropeçou no vento! — rebateu Henrique, revirando os olhos.

Rodrigo deu risada