De volta ao escritório, Elize voltou ao seu lugar como quem retorna de um pequeno respiro dentro do furacão.
A pilha de pendências parecia menor.
Ou talvez fosse só o efeito de um almoço bem humorado, recheado de comida boa e risadas sinceras.
Estava tão concentrada nos documentos que mal percebeu quando a porta da sala de Augusto se abriu.
Só levantou os olhos quando sentiu a presença se aproximando, como uma sombra que se arrasta pela lateral da visão.
Ao passar por ela, Augusto parou por um breve segundo.
Não disse nada.
Apenas virou o rosto em sua direção e exibiu um leve sorriso — sutil, quase imperceptível, mas cheio de intenção.
Um sorriso de quem sabe algo que ela não sabe. De quem observa o tabuleiro com todas as peças no lugar. De quem acha que já venceu.
Elize sentiu o corpo inteiro gelar.
A espinha, o pescoço, até os dedos pararam sobre o teclado. O sorriso dele queimou mais que qualquer palavra poderia.
"O que esse sorriso significa?" — pensou, engolindo seco, tentando