Henrique não respondeu, mas sua cabeça já não estava mais ali. Rodrigo notou o silêncio e deu um tapinha na mesa antes de se levantar.
  — Só não esquece de me chamar pro churrasco quando esse tabuleiro virar.
 Arthur saiu da copa ainda mastigando a última bolacha do pacote, e quase deu de cara com o mau humor materializado no formato de Elize.
 Ela tava encostada na mesa, olhando pro nada com a cara fechada desde cedo.
 E agora, mesmo depois do almoço leve que tiveram, parecia que nem o melhor estrogonofe do mundo resolveria aquilo.
 Ele parou no meio do corredor, arqueou a sobrancelha e falou daquele jeitinho casual que ele usava quando tava se metendo onde não devia:
 — Tá tudo certo aí ou o mundo acabou e esqueceram de me avisar?
 Elize levantou os olhos devagar, soltou um suspiro dramático e deu de ombros.
 — Tô só cansada.
 Arthur deu um sorrisinho.
 Conhecia esse "tô só cansada" igual receita de bolo mal escrita: sabia que vinha bomba.
 — Vem aqui na minha sala. Dois minutinhos