(Emily)
O som da chuva batendo na janela parecia ecoar o que eu sentia por dentro. Era como se cada gota trouxesse à tona lembranças que eu tentava, inutilmente, deixar para trás. A conversa com Alexander ainda reverberava em mim — não apenas pelas palavras que dissemos, mas pelas que ficaram presas entre um silêncio pesado e uma respiração entrecortada.
Naquela manhã, acordei mais cedo do que o habitual. O céu ainda estava tingido de cinza, e o aroma do café que preparei foi meu único consolo. Sentei-me à mesa com meu caderno de esboços, mas, pela primeira vez em dias, não consegui desenhar. A mente estava longe demais.
Sofia apareceu sem avisar, como sempre fazia quando pressentia que eu precisava dela. Trazia dois croissants e o sorriso reconfortante de quem não exige explicações, apenas oferece presença.
— Você não está bem — ela comentou, enquanto servia o café sem esperar resposta.
Balancei a cabeça devagar, sem negar nem afirmar. Ela se sentou ao meu lado e pegou minha mão com