POV: Emily
Tem dias que começam com silêncio. Mas não aquele silêncio confortável, como o som da chuva caindo em um domingo preguiçoso. É o tipo de silêncio que grita, que arranha por dentro, que pesa nos ombros como se o mundo estivesse desabando em câmera lenta sobre nós.
E naquela manhã, era esse o silêncio que me cercava.
O sol invadia a janela com uma insistência cruel, como se não tivesse o direito de brilhar depois da noite que vivi. A cama ao meu lado ainda estava desarrumada, o lençol amassado e manchado por lágrimas que não consegui conter. Noah tinha saído cedo, depois de uma despedida que parecia um adeus disfarçado. E talvez fosse.
Porque algo dentro de mim havia mudado.
A noite anterior ainda dançava nas minhas memórias como um filme distorcido. O rosto de Alexander, sombrio, ferido. As palavras que ele disse, como estilhaços de uma bomba que explodiu tarde demais. E Noah... Deus, Noah. A maneira como ele tentou me proteger, mesmo quando tudo parecia perdido. O jeito com