Liana Fontenelle narrando
Estou vivendo a melhor fase da minha vida. Aos poucos, tenho me redescoberto, entendendo melhor quem sou, quais são meus hobbies e passeios favoritos. É como se eu estivesse me reinventando a cada dia. Naquela quarta-feira, sentei-me à mesa com minha família para o café da manhã. O clima era de alegria e tranquilidade, e dentro de mim havia uma expectativa enorme: na próxima segunda-feira começo minha residência, e não poderia estar mais feliz por essa conquista. Depois do café, cada um seguiu para os próprios afazeres, enquanto eu decidi mergulhar nos estudos. Sempre acreditei que conhecimento em medicina nunca é demais, e aproveitei o silêncio da casa para me concentrar. Horas depois, meu celular vibrou sobre a mesa. Era meu pai. Atendi e, com a voz animada, ele avisou que todos nós almoçaríamos juntos no restaurante da mamãe. Sorri sozinha, feliz com a ideia, e fui me arrumar. O dia estava quente, então escolhi um short de linho branco leve, uma sandália rasteira trançada e um cropped branco com delicados detalhes azuis. Para completar, uma bolsa clássica da Chanel. Simples, mas elegante — exatamente como eu queria me sentir. ... Com certeza! Eu deixei seu texto mais natural, coeso e com ritmo de narrativa de romance/drama familiar. Veja essa versão: Ouvi batidas suaves na porta e autorizei a entrada. Sônia:Pequena Liana? Liana:Oi, tia Sônia. Sônia é a governanta da casa, mas cuida de nós com tanto carinho que já faz parte da família. Sônia:O senhor furacão chegou. — Era assim que ela e os funcionários se referiam ao meu pai, e ele sempre achava graça desse apelido. — E já está apressando. Assenti com um sorriso, finalizei com um borrifo de perfume e, apoiando meu braço no dela, descemos juntas a escada. Liana:Estou pronta, pai. Almir:Que bom, querida, porque estamos atrasados para buscar a Antonella. Concordei e seguimos para a entrada da mansão, onde uma Mercedes-Benz nos esperava. Liana:Miguel não vai? Almir:Seu irmão foi direto para lá. Logo o carro ganhou a estrada, e seguimos até a escola de Antonella. Ela já nos aguardava no portão, radiante de animação. Antonella:Cadê a mamãe? Almir:Está no trabalho, querida. Vamos nos encontrar com ela mais tarde. Antonella:Oba! — vibrou, feliz da vida. O caminho até o restaurante foi tranquilo, embalado pelas histórias de Antonella, que reclamava com graça de como havia sido difícil cobrir as letras com os lápis de giz de cera. Meu pai estacionou o carro e logo descemos. Peguei a mãozinha dela e seguimos em direção ao restaurante, cumprimentando as pessoas pelo caminho, enquanto ele ficou conversando com o segurança. Liana:Bom dia, tudo bem? — perguntei à balconista. Balconista:Bom dia, senhorita Liana. Tudo ótimo. Quer que eu avise sobre a sua chegada? Liana:Não precisa, eu mesma aviso. Obrigada. Antonella:Vou brincar! Liana:Não, primeiro vai falar com a mamãe. Antonella:Diz pra ela que mandei um beijinho! Eu e a balconista rimos, e Antonella tirou os sapatos correndo para a área kids. Caminhei até o aparelho de interfone que ficava na parede, com câmera e viva-voz. Apertei o botão. Liana:Oi, mamãe. Lizeth:Oi, querida. Chegaram? Já estou indo. Sorri e me dirigi a uma mesa vazia, mas no meio do caminho meu celular apitou. Mexi nele distraída enquanto andava, até esbarrar em alguém. Quase caí, mas mãos firmes seguraram meus braços, impedindo a queda. Levantei os olhos, e por um instante o mundo pareceu parar. Meu coração acelerou como se fosse saltar pela boca. O olhar dele encontrou o meu — intenso, brilhante, mas carregado de uma tristeza inexplicável. De repente, ele pareceu perceber algo e me soltou rápido, quase assustado. Vestia a farda do restaurante, então presumi que fosse um funcionário novo. Ainda assim, não consegui desviar o olhar. Homem:Desculpa, senhorita… não vi você. Liana:Eu que peço desculpas. Estava distraída. Por alguns segundos, ficamos apenas nos encarando. O restaurante, as vozes ao redor, até o som da rua lá fora… tudo desapareceu. Era como se só existíssemos nós dois naquele instante suspenso. Ele desviou o olhar por um breve momento, como se carregasse um peso que não queria revelar, mas logo voltou a me encarar. Havia intensidade ali, algo que eu não sabia nomear, mas que me deixou arrepiada. Meu coração ainda disparava, e minhas mãos tremiam levemente. Nunca tinha sentido nada assim com um simples toque. Homem:Tem certeza que está bem? — a voz dele era firme, mas carregava um cuidado inesperado. Liana:Estou… — respondi quase num sussurro, tentando recuperar o ar. — Obrigada por me segurar. Ele assentiu e deu um passo para trás, abrindo espaço para que eu seguisse. Mas algo dentro de mim gritava para não deixá-lo simplesmente ir. Eu queria perguntar seu nome, queria entender aquele olhar que parecia falar mais do que mil palavras. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minha mãe surgiu pelo corredor, chamando por mim. O momento se quebrou, e ele logo se afastou, desaparecendo entre as mesas do restaurante. Fiquei parada ali, por um instante, tentando compreender o que tinha acabado de acontecer. Uma parte de mim sabia: aquele encontro não seria apenas uma coincidência. Liana:Mãe… ele era diferente. Não sei explicar. Lizeth:Diferente como? — ela cruzou os braços, inclinando-se sobre a mesa, claramente interessada. Liana:O jeito dele, o olhar… parecia que carregava algo pesado, mas ao mesmo tempo… sei lá, tinha uma bondade ali. Um sorriso discreto brotou no rosto da minha mãe, e ela se ajeitou na cadeira, pensativa. Lizeth:Espera… não me diga que era o rapaz novo da equipe. Negro, alto, olhos profundos? Assenti de imediato, surpresa com a descrição exata. Liana:Esse mesmo! Você conhece? Lizeth:Conheço, claro. Ele se chama Tiago. Começou há pouco tempo, mas já deu pra ver que é um jovem muito educado e trabalhador. Vive cumprimentando todos com respeito, não se envolve em fofoca, e olha… trabalha como se tivesse orgulho em cada coisa que faz. Meu coração disparou ainda mais ao ouvir aquilo. Liana: Então… ele é confiável? Lizeth: Mais que isso, filha. É raro ver alguém tão íntegro assim hoje em dia. — Ela me encarou com um brilho curioso nos olhos. — Por que esse interesse todo? Baixei a cabeça, mordendo o lábio, sem coragem de admitir em voz alta o turbilhão de sentimentos que surgira em tão pouco tempo. Antes que ela pudesse insistir na pergunta, ouvimos risadas pelo salão. Antonella vinha correndo da área kids, com o cabelo bagunçado e as meias na mão. Antonella: Mamãeee! — ela se jogou nos braços de Lizeth, ofegante. — Brinquei tanto que quase virei dona do parquinho! Rimos juntas, e nesse instante a porta do restaurante se abriu. Meu pai entrou com a postura imponente de sempre, seguido por Miguel, meu irmão, que carregava os livros da faculdade debaixo do braço. Almir:Olha só minhas mulheres reunidas! — ele falou, a voz firme mas calorosa. — Espero não ter perdido nada importante. Troquei um olhar com minha mãe, e o coração ainda batia acelerado. Eu sabia que o que tinha acontecido minutos antes ainda voltaria para me assombrar — ou me transformar.