Verdades à Flor da Pele
O despertador do celular vibrou na bolsa jogada ao canto, e Eloise abriu os olhos de súbito. O coração disparou antes mesmo de registrar onde estava.
O teto desconhecido, o lençol que não era o seu, a camisa larga cobrindo-lhe o corpo. E, à frente, na poltrona, Augusto Monteiro.
Ele estava sentado, as mangas da camisa dobradas até os cotovelos, o rosto fechado, mas os olhos presos apenas nela.
Por alguns segundos, nenhum dos dois disse nada. Apenas o silêncio carregado, cheio de lembranças da noite passada, pesava no ar.
Eloise desviou o olhar, a vergonha queimando-lhe as bochechas.
Foi Augusto quem quebrou o silêncio.
— Não quero que pense… — começou, a voz grave, um pouco hesitante. — …que eu quis insinuar qualquer coisa ontem.
Eloise ergueu o olhar com cautela.
— Não precisava insinuar, Augusto. — disse, firme, embora a voz traísse o incômodo. — Eu ouvi. Uma parte da conversa entre você e seu pai.
O maxilar dele se contraiu.
— Eloise, eu… eu só queria ouvir