Capítulo 84

Verdades à Flor da Pele

O despertador do celular vibrou na bolsa jogada ao canto, e Eloise abriu os olhos de súbito. O coração disparou antes mesmo de registrar onde estava.

O teto desconhecido, o lençol que não era o seu, a camisa larga cobrindo-lhe o corpo. E, à frente, na poltrona, Augusto Monteiro.

Ele estava sentado, as mangas da camisa dobradas até os cotovelos, o rosto fechado, mas os olhos presos apenas nela.

Por alguns segundos, nenhum dos dois disse nada. Apenas o silêncio carregado, cheio de lembranças da noite passada, pesava no ar.

Eloise desviou o olhar, a vergonha queimando-lhe as bochechas.

Foi Augusto quem quebrou o silêncio.

— Não quero que pense… — começou, a voz grave, um pouco hesitante. — …que eu quis insinuar qualquer coisa ontem.

Eloise ergueu o olhar com cautela.

— Não precisava insinuar, Augusto. — disse, firme, embora a voz traísse o incômodo. — Eu ouvi. Uma parte da conversa entre você e seu pai.

O maxilar dele se contraiu.

— Eloise, eu… eu só queria ouvir
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