No hospital, a menina estava sentada, cobertor nos ombros, olhar baixo.
Quando viu Sofia, não sorriu.
Só puxou o ar, como se reunir coragem doesse.
Sofia se aproximou devagar e sentou ao lado, sem invadir espaço.
— Oi. — Sofia disse, suave. — Eu estou aqui.
A menina olhou para os próprios dedos, mexendo nas bordas do cobertor.
— Eu... — a voz saiu quase inaudível. — Eles falaram...
Sofia ficou imóvel.
— Respira, você está segura.
A menina assentiu.
— Ela não gritou. Não ameaçou. — engoliu seco. — Ela só… olhou. Como se eu fosse… nada.
Sofia sentiu um gelo por dentro.
— Você reconheceria se visse de novo?
A menina respirou fundo, e os olhos se encheram de algo que não era choro — era medo velho.
— Eles chamaram de… “Senhora Martins.”
Sofia travou por um segundo.
Senhora Martins.
Nicole.
Sofia apertou a mão da menina com cuidado.
— Você fez muito bem em falar comigo.
A menina piscou rápido.
— Eles disseram… — a voz tremeu. — Que os policiais são