UM PASSO DE CADA VEZ.
Na MonteiroCorp, o relógio parecia andar devagar demais.
A copa, que sempre foi o coração vivo da empresa — café quente, risadas, fofocas inocentes, histórias do final de semana — agora era um lugar diferente.
O silêncio pesava.
Toda palavra parecia uma ameaça de desabar.
Nathalia mexia uma panela grande no fogão, os olhos fixos na sopa fervendo, como se o movimento circular da concha fosse a única coisa segurando seu peito no lugar.
Cozinhar era o jeito dela não desmoronar.
Emma cortava pão em fatias desiguais, sem perceber que repetia o mesmo movimento.
Sofia lavava os pratos pela terceira vez, mesmo limpos.
Heitor já estava no sexto café.
O copo tremia na mão — não pela cafeína, mas pelo medo.
Thiago comia doce como quem tentava ocupar a boca para o coração não falar alto.
Andava da copa até a recepção, voltava, parava na porta, ia até a sala de reunião onde Laís estava.
— Tem notícia?
— Ainda não.
Dois minutos depois, repetia.